17 de agosto de 2009

Cybergeração Os desafios na sala de aula


Patrícia Melo diz que percebe melhora no desempenho da filha Aylla Torga, 12 anos, depois que ela passou a utilizar o notebook no colégio. Foto: Teresa Maia/DP/D.A.Press

EDUCAÇÃO // Escolas enfrentam a árdua tarefa de reencontrar o propósito das novas tecnologias nos projetos pedagógicos

Thiago Marinho
thiagomarinho.pe@diariosassociados.com.br

A sala de aula mudou. Se por um lado o quadro-negro, as cadeiras e os professores continuam no mesmo lugar, por outro a nova geração de alunos vive uma realidade completamente diferente daquela baseada em brincadeiras de giz e de bolinhas de papel de dez anos atrás.

Os estudantes agora têm celular, tocador de MP3 e repertório de vida muito mais complexo. Resultado das novas possibilidades proporcionadas pela internet - seja na interação das redes sociais ou no conhecimento encontrado nos sites de buscas e nas enciclopédias virtuais. Será, então, que as instituições de ensino, muitas vezes antigas em sua maneira de ser, conseguem motivar esta cybergeração?

Para o diretor do colégio Neo Planos, Walewsky Lima, a resposta é sim. Desde que a escola tente se adaptar às novidades e utilizá-las como ferramentas. No ano passado, a instituição decidiu quebrar paradigmas e ser uma das primeiras no estado a pedir um notebook na lista de material. "Tentamos mudara lógica tradicional e colocar os alunos em primeiro plano, transformando os professores em orientadores", explica Lima, que dá aulas de geografia e pede para os próprios estudantes montarem apresentações no PowerPoint sobre meridianos e dezenas de outros assuntos. "Eles passam a se interessar mais e a participar ativamente da construção das aulas", completa.

Walewsky cita o caso da estudante Aylla Torga, de 12 anos, que cursa o sétimo ano na escola e utiliza o notebook em sala desde o início do ano. A mãe, a secretária Patrícia Melo, não sabe explicar ao certo todas as mudanças sofridas pela filha, mas nota uma melhora impressionante na desenvoltura da mesma nos últimos meses. "Aylla consegue interagir melhor em casa, com os amigos e com os trabalhos escolares", afirma ela, que diz que com isso passou a dar mais importância ao uso de tecnologia no colégio.

"Já ouve um tempo em que os computadores eram vistos apenas como mais uma ação de marketing pelos colégios. Eles mantinham laboratórios de informática porque poderiam atrair mais alunos, mas isso mudou", opina a educadora Vancleide Jordão, que presta consultoria a diversos centros de ensino pernambucanos para que eles utilizem melhor as novidades eletrônicas. Ela ajudou a montar, por exemplo, a equipe de robótica do Colégio Apoio, tricampeã regional na criação de robôs por estudantes.

Uma das primeiras a participar do grupo, em 2006, a adolescente Gabriela Melo, de 17 anos, fala muito bem da experiência. "Aprendi a manter foco e meta nos estudos, para não atrapalhar os resultados", conta a jovem, que viajou três vezes ao exterior entre 2007 e 2009 para participar das finais mundiais das competições. "A robótica a ajudou a saber em que área queria atuar profissionalmente e a aprender diversas habilidades", concorda a mãe, a aposentada Márcia Andrade.

Soluções - De olho nesse potencial, um grupo de empresários pernambucanos criou a E-duc, primeira empresa local voltada para inovação em sala de aula. "Estas novidades precisam ser vistas como uma questão de sobrevivência. Uma criança de três anos mexe no computador do pai porque acha aquela máquina atrativa. Então, se você consegue usar isso no aprendizado dela, você verá uma motivação muito maior", pontua o sócio Cláudio de Castro, que em um ano e meio já contabiliza faturamento de R$ 9 milhões e contratos em 10 estados, incluindo projetos para a iniciativa pública e privada.

Entre as soluções, está a chamada sala de aula do futuro, um espaço protótipo que reúne todas as soluções oferecidas pela companhia - desde a instalação de lousas eletrônicas até o uso de computadores individuais e de softwares educativos. "Ainda existe uma certa resistência de algumas escolas em adotar novos equipamentos. Mas isso vem mudando por causa da exigência dos próprios pais e alunos. Se antes a tecnologia estava vinculada ao status, hoje ela existe por causa da preocupação com o ensino", completa ele.

Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/08/12/info1_0.asp

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