13 de setembro de 2010

Pedagogia por trás da tecnologia

Antônio Carlos acredita na eficácia da leitura sinestésica, mas diz que professores precisam de capacitação.
Foto: Blenda Souto Maior/Esp. DP/D.A Press


Como toda evolução tecnológica que provoca a mudança de hábitos, a digitalização de conteúdo também tem gerado preocupações por conta das associações entre texto, vídeos e sons. Algo que se torna ainda mais delicado quando envolve o campo da educação. Para esclarecer dúvidas que envolvem o uso das novas ferramentas no ensino, o Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (Nehte), do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), vem desenvolvendo pesquisas para entender como se dá a influência da tecnologia no processo de aprendizagem.

Nesse sentido, o professor da UFPE e membro do Nehte, Antônio Carlos Xavier, tem pesquisado o processo de letramento digital realizado por alunos de 7 a 14 anos. "A gente percebe que desde muito cedo a internet tem se tornado um meio de ensino prolífico. E isso se dá em todas as classes sociais, mesmo longe das escolas. O que eles fazem na internet é questionável, mas revela que no futuro o perfil dos leitores não será mais de uma única linguagem", observa o pesquisador.

Segundo Xavier, a utilização de outros recursos além do texto demonstra bons resultados. "A leitura sinestésica tem efeitos psicológicos. Quanto mais elementos semióticos envolvidos, de fusão do texto com vídeos, sons e imagens,maior é o desenvolvimento da aprendizagem", explica. Outro exemplo dado pelo professor é o de que a tecnologia permite ao aluno acesso à informação do mundo inteiro e não apenas a oferecida pelo professor.

No entanto, o pesquisador alerta que o uso do computador em sala de aula não significa sucesso pedagógico. "Quanto mais tecnologia envolvida, existe mais chances da sociedade ter vantagens. Agora é preciso que o professor tenha um treinamento, que haja um projeto pedagógico por trás. Se não, os alunos vão usar o computador a a seu bel prazer", aponta Xavier.

O assunto tem despertado tanto interesse na comunidade acadêmica que o Nehte e a Associação Brasileira de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional estão organizando para dezembro o 3º Simpósio Hipertexto e Tecnologias da Educação. No evento, serão apresentadas as principais pesquisas feitas na área e entre os participantes estará o filósofo canandense Pierre Lévy, autor de Cibercultura e as tecnologias da inteligência.

Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/09/12/viver4_2.asp

2 comentários:

  1. Não bastam capacitações. Há necessidade, também, de conscientização. Enquanto os professores não perceberem que as TIC em sala não são apenas 'moda' da pedagogia contemporânea, não se preocuparão em buscar atualizações.

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  2. Tenho usado os textos do Prof. Antonio Carlos Xavier nos cursos de Pedagogia, os quais apontam para a necessidade de letramento digital pelos professores.
    Na vivência em sala de aula, mesmo com alunos/alunas adultos/as ocorrem muitas vezes as mesmas características dos alunos/as adolescentes: se o professor não estiver muito bem preparado, os alunos se dispersam no mais diversos sites.
    Assim torna-se necessário nos apropriarmos da tecnologia, para não nos tornarmos reféns dela.

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