22 de novembro de 2010

3º Simpósio Hipertexto promove o debate sobre formas de aprendizagem através das redes sociais

Por Clécio Vidal

As redes sociais da Internet tornaram o mundo pequeno, como afirmou Stanley Milgram com sua teoria de que uma pessoa pode se conectar a qualquer outra no mundo, estando separada dela por no máximo 6 outras pessoas. Neste contexto, é inevitável se perguntar como os 1,9 bilhões de usuários das redes têm utilizado as linguagens para se comunicar, construindo identidades, práticas educacionais, mas também preconceitos.

Possíveis respostas para essa questão serão dadas durante o 3º Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação que acontece nos próximos dias 02 e 03 de dezembro no Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco. O evento é uma iniciativa conjunta do Núcleo de Estudos em Hipertexto e Tecnologias na Educação (Nehte/UFPE) e da Associação Brasileira de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (Abehte).

O Simpósio trará pela primeira vez ao Recife, o filósofo da informação Pierre Levy, com a conferência Do hipertexto opaco ao hipertexto transparente. Levy é professor titular da cadeira de “Pesquisa em Inteligência Coletiva” da Universidade de Ottawa, no Canadá.

Pesquisadores como Antonio Carlos Xavier e Alex Sandro Gomes, da UFPE, analisarão, durante o evento, como a retórica, arte que combina informação e sedução, molda-se aos ambientes digitais. Nesta temática será abordado o conflito decorrente do encontro de diferentes gerações, habilidades e expressões culturais nas redes sociais. “Analisamos como as pessoas, por meio da retórica, lidam com as diferenças num ambiente marcado pela necessidade de liberdade e pela pressão em se estar sempre tomando a iniciativa, de forma criativa e veloz”, destaca Antonio Carlos Xavier, coordenador geral do evento.

Outro tema que será discutido é a ampliação do projeto Um computador por aluno, iniciativa do Ministério de Educação. O professor Paulo Gileno Cysneiros, da UFPE, mostrará resultados de sua pesquisa, avaliando este programa, que foi lançado em 2010 e atinge escolas públicas brasileiras de ensino fundamental e médio.

A proliferação do livro em formato eletrônico, o e-book, tem suscitado questionamentos relativos ao fim do livro tradicional e dos espaços de socialização ligados a ele, a exemplo das bibliotecas. Estas suspeitas, investigadas por pesquisadores como Alexandre Gouveia, da Pluri Educacional, são tema de uma das mesas do Simpósio.

Os perfis construídos pelos usuários de redes sociais quando tendem para a fantasia recebem o nome de avatares. A pesquisadora Ana Elisa Ribeiro, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, analisará como os professores constroem avatares para o relacionamento online com seus alunos, expondo o conflito entre vida profissional, vida pública e vida privada.

O professor Lafayette Melo, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, trará reflexões sobre como a amizade pode ser construída em redes sociais, contribuindo para aprimorar práticas e habilidades relacionadas à Internet, a exemplo do uso adequado de sites de busca.

Os professores de línguas estão se deparando com um duplo desafio: o do ensino a distância e o de desenvolver uma didática para ambientes digitais. Esta é a área investigada por Angelita Gouveia Quevedo (PUC-SP), que também participará do Simpósio.

Rivalidade entre literatura e jogos eletrônicos na sofisticação da aprendizagem

Pessoas conectadas, por meio de jogos online, também formam redes sociais. E, de acordo com o professor Luciano Meira, da UFPE, este tipo de rede favorece a sofisticação da aprendizagem. O pesquisador, que vai comparecer ao Simpósio, chegou a esta conclusão analisando a Olimpíada de Jogos Digitais e Educação (OJE), uma plataforma de jogos, comunicação e aventuras digitais que tem engajado milhares de jovens e seus professores em Pernambuco e no Rio de Janeiro.

É possível uma escrita confessional num ambiente como a Internet? A professora Ermelinda Ferreira, da UFPE, abordará esta questão, discutindo uma possível rivalidade entre literatura eletrônica, games e cinema.

Os professores Inara Ribeiro e Ricardo Postal, da UFPE, debaterão os efeitos causados no fazer literário quando os autores migram para redes sociais, como os blogs. Entre estes efeitos estaria o risco de a literatura dos blogs deixar de ser tratada como ficção, sendo encarada como relato baseado em fatos.

Estará presente no evento a professora Nelly Carvalho, que, recentemente, lançou Crônicas do Cotidiano, primeiro e-book da Coleção Letras Eletrônicas, do Programa de Pós-graduação em Letras (PG-Letras) da UFPE. A pesquisadora refletirá, numa das mesas-redondas, sobre a inovação publicitária nas redes sociais.

Interdisciplinaridade - Além das mesas-redondas, o Simpósio traz sessões de comunicação e pôsteres divulgando resultados de pesquisas em andamento e já finalizadas. O evento mostrará que as redes sociais afetam não só a Informática e as Letras, mas contribuem para o desenvolvimento de áreas como a Educação Física, Marketing e Desenho Industrial.

A veiculação de conteúdos discriminatórios, nas redes sociais, a exemplo das mensagens divulgadas em comunidades do Orkut, como “Eu odeio nordestino”, também será discutida. Numa direção contrária, serão analisadas estratégias de etiqueta e polidez na interação por meio de blogs.

E-tandem (parceria virtual de pessoas de idiomas diferentes, para troca de conhecimentos), ágora virtual (blog como espaço de reflexão filosófica) e penpal (desenvolvimento de amizades, relacionamentos amorosos e aprendizagem por meio da constante troca de e-mails) estão entre as inovações conceituais debatidas nas sessões de comunicação do Simpósio.

Mais Informações
Website: http://www.nehte.org/simposio2010
Email: simposiohipertexto@gmail.com

Realização
Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (NETHE/UFPE) e Associação Brasileira de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional (ABEHTE).

Apoio
UFPE, CAPES, Facepe, Propesq, Departamento de Letras, Pós-Graduação em Letras, Editora Universitária, Pluri Educacional, Rêspel Editora, Editora Vozes, Editora 34, Hebron, Pontes Tur e Pipa Comunicação.

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