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Replicando uma nova linguagem
Geração-protesto deve ser vista sob o prisma da nova comunicação. Do contrário, leitura será reducionista
Thiago Neres
Publicação: 03/07/2013 03:00
Os protestos que eclodiram por todo o país nas últimas
semanas não refletem apenas o sentimento de revolta dos brasileiros. Qualquer
análise que se limite à insatisfação com a conjuntura política incorre em uma
visão reducionista. Sob o prisma da linguagem, as páginas no Facebook, os
tuítes inflamados e os cartazes com a hashtag #OGiganteAcordou revelam algo
maior: uma geração que aprendeu a se comunicar de forma diferente, inspirada
nas novas tecnologias. Mas esse grupo ainda enfrenta a resistência de uma parcela
conservadora da sociedade, que não consegue compreendê-lo porque fala outro
“idioma”. Um ruído também percebido entre a classe política que, em sua
maioria, está patinando na tentativa de dialogar e, pior, pagando mico na
medida em que prefeitos e governadores insistem em falar com lideranças que não
existem.
Mas será que dá para falar no “papel” das redes sociais? Para o professor da UFPE Antônio Carlos Xavier, não. Ele atua nas áreas de semântica, pragmática, filosofia da linguagem e linguística e explica que a expressão é vazia porque não há um sujeito por trás deste discurso e sim um coletivo diversificado. “O uso que damos à tecnologia é nossa responsabilidade. Devemos aguçar nossa capacidade crítica e emitir opiniões com base em argumentos com a consciência de que não existe uma verdade absoluta”, sugere.
De acordo com o pesquisador, que coordena o grupo de pesquisa do Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional da UFPE, as redes sociais contribuem como plataforma ao provocar encorajamento. “A linguagem coloquial marcada pela oralidade possibilita a democracia. Qualquer um pode participar e ter direito à voz”, pontua.
Mas será que dá para falar no “papel” das redes sociais? Para o professor da UFPE Antônio Carlos Xavier, não. Ele atua nas áreas de semântica, pragmática, filosofia da linguagem e linguística e explica que a expressão é vazia porque não há um sujeito por trás deste discurso e sim um coletivo diversificado. “O uso que damos à tecnologia é nossa responsabilidade. Devemos aguçar nossa capacidade crítica e emitir opiniões com base em argumentos com a consciência de que não existe uma verdade absoluta”, sugere.
De acordo com o pesquisador, que coordena o grupo de pesquisa do Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologia Educacional da UFPE, as redes sociais contribuem como plataforma ao provocar encorajamento. “A linguagem coloquial marcada pela oralidade possibilita a democracia. Qualquer um pode participar e ter direito à voz”, pontua.
Ruídos
Mas a comunicação entre os internautas não está imune a ruídos. Dentre eles,
Xavier destaca o que considera o pior: teorias que atribuem a “terroristas”
virtuais. “Pessoas que aproveitam para lançar ideias desconexas, como a
hipótese do movimento ser uma estratégia militar para criar as condições
propícias de um golpe. Felizmente, a maioria sabe que não faz sentido”, cita.
Percebendo que a discussão nas redes sociais não é o suficiente, as pessoas foram às ruas, analisa o sociólogo e cientista político José Nivaldo Júnior, que foi professor do departamento de história da UFPE por 20 anos e atua com marketing político. “O cidadão sentiu que é nas ruas onde consegue ser respeitado e a política acontece”, observa o diretor da agência Makplan. Enquanto o futuro das manifestações permanece imprevisível, algumas lições podem ser aprendidas. Uma delas é que os políticos e gestores públicos não estão conectados e têm pouca intimidade com o que acontece na internet. Daí surge a tentativa de buscar referenciais em outros protestos que não servem para compreender o atual.
“Pedir para dialogar com lideranças equivale a falar em outro idioma. É a velha linguagem. A crítica às pessoas que vão às ruas sem saber por que estão protestando também é irrelevante. O que importa é que elas têm um motivo para estarem lá. Marx já dizia que as novas tecnologias vão transformar as relações humanas. Estamos vivendo a primeira etapa de um processo histórico”, conclui.
Percebendo que a discussão nas redes sociais não é o suficiente, as pessoas foram às ruas, analisa o sociólogo e cientista político José Nivaldo Júnior, que foi professor do departamento de história da UFPE por 20 anos e atua com marketing político. “O cidadão sentiu que é nas ruas onde consegue ser respeitado e a política acontece”, observa o diretor da agência Makplan. Enquanto o futuro das manifestações permanece imprevisível, algumas lições podem ser aprendidas. Uma delas é que os políticos e gestores públicos não estão conectados e têm pouca intimidade com o que acontece na internet. Daí surge a tentativa de buscar referenciais em outros protestos que não servem para compreender o atual.
“Pedir para dialogar com lideranças equivale a falar em outro idioma. É a velha linguagem. A crítica às pessoas que vão às ruas sem saber por que estão protestando também é irrelevante. O que importa é que elas têm um motivo para estarem lá. Marx já dizia que as novas tecnologias vão transformar as relações humanas. Estamos vivendo a primeira etapa de um processo histórico”, conclui.
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